Resenha sobre o "Ponta"

Uma resenha sobre nosso álbum de um coletivo bacana lá das Gerais. É massa ler isso de alguém que nos conheceu pelo nosso som. Obrigado Flávio Charchar!!!

Por Flávio Charchar

Estranhamento, tensão, intensidade, ereção. Tudo nessa ordem. É o que acontece quando se escuta o primeiro trabalho da banda Os Irmãos da Bailarina, “Ponta“. Com muita influência do rock alternativo nos timbres das guitarras de Ricardo Rilo e no baixo de Tom Sá, as relações intrapessoais e interpessoais cruas das letras na voz de Theo Filho e o peso da bateria de Mark Mesquita, esses soteropolitanos não deixam nada a desejar na cena do rock independente nacional.

Ativo há quase três anos, o grupo se destaca por melodias travadas e arrastadas, mas bem intencionadas com a sonoridade violenta do instrumental, sem firulas e direto ao ponto. O lançamento virtual do álbum foi em agosto, mas até o fim do ano sai o CD e o clipe da música “O Perigo da Ansiedade”, que já pode ser visto no Youtube. Produzido, gravado, mixado e masterizado por Andre T, além de coproduzido pela própria banda, “Ponta” leva no currículo ainda duas participações especiais: os vocais de Nancy Viégas (figura já marcante na cena de rock baiana) na faixa “Rasos Corações” e o acordeon de Saulo Gama em “A Imagem”.

Não é uma sequência de faixas que te deixa feliz ou triste. Te deixa com raiva, ansioso, tensionado. “Dor” começa com muito peso. “Míngua” é marcantemente grunge, sem papas na língua. “Arrepio” me lembra coisas dos Titãs de antigamente, da era “Cabeça Dinossauro”. “A Imagem” é uma verdadeira balada rock latina, carregada e performática. Em “Você”, uma veia Los Hermanos (claro que nas suas devidas proporções) surge, criando a música mais calma do quarteto.

“O Olho” tem todo um clima de “miniópera de um sociopata em potencial”, destacando-se como a faixa mais longa do disco.”Luz” tem uma das mais marcantes linhas de baixo do álbum, sendo seguida por “O Perigo da Ansiedade”, curta, grossa e “soco-na-cara”. “Rasos Corações” é um dueto vocal dirigido por Quentin Tarantino. “O Silêncio”, minha faixa favorita, fecha do jeito que começamos: estranhamento, tensão, intensidade, ereção e , pra variar um pouco, uma pitada de suíngue muito bem vinda a essa altura.

Agora, escute e tire suas próprias conclusões. Quem sabe você grite ou enlouqueça? Seja como for, todos vão lhe fazer bem, eu tenho certeza.

http://coletivopegada.org/2009/11/01/pegada-recomenda-os-irmaos-da-bailarinaponta-e-tenho-dito/comment-page-1/#comment-4396